Um dos assuntos discutidos nesta terça-feira, 8, durante o sexto encontro do Fórum da Produção do Centro-Oeste, na sede da Faeg, foi a concentração de plantas frigoríficas e a falta de valorização da carne bovina brasileira. O evento reuniu as federações da agricultura, comércio e indústria da região que se reúnem periodicamente para integrar as entidades representativas dos principais setores econômicos, para ampliar o desenvolvimento do Centro-Oeste.
A preocupação dos produtores e empresários é com a concentração da indústria frigorífica nas mãos de poucos e, principalmente, as novas aquisições feitas por grandes grupos, que atacam a concorrência, o que já vem causando desequilíbrio no mercado pecuário. O setor está preocupado também com a possibilidade da formação de um monopólio no ramo dos frigoríficos, além de outros problemas gerados como o enfraquecimento dos pequenos e médios frigoríficos.
O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), Otávio Lemos de Melo, apresentou o cenário do setor de frigoríficos no País. Segundo ele, mais de 16% da indústria frigorífica brasileira está concentrada nas mãos de um grande grupo. Ele afirmou que o setor cresceu mais que podia, aliado à ociosidade de algumas plantas frigoríficas e à crise internacional vivida nos últimos anos causaram o fechamento de indústrias do setor. “O problema da margem de lucro dos varejistas ainda é mais grave e a expectativa é que a oferta de gado deve crescer muito nos próximos anos”, calculou.
O especialista afirma que o setor precisa cavar novos mercados para aumentar a demanda prevendo uma possível crise no setor nos anos de 2014 e 2015. Segundo o diretor de relações com o investidor de um grande grupo de frigoríficos brasileiro, Jeremiah O’Callaghan, o fortalecimento da cadeia da carne bovina é uma tarefa de todos os setores envolvidos.
Ele afirmou ainda que os frigoríficos são parceiros dos produtores no processo valorização da carne bovina e a abertura de novos mercados, como o chinês, está na pauta de negócios da empresa. O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, destacou que o setor precisa se organizar para garantir uma melhor valorização da carne bovina. A exemplo do que é feito em outros países da América do Sul. “Temos o costume de cobrar do governo a solução dos nossos problemas, mas muitas vezes, a resposta vem da gente. Os problemas não se resolvem apenas por decretos”, destacou.
Quanto à concentração de frigoríficos nas mãos de poucos grupos, o presidente da Faeg se mostrou também bastante preocupado com essa corrida predatória empreendida por empresas que sufocam as pequenas e médias indústrias, cartelizar o mercado e inviabilizam a atividade de pequenos produtores que ficam sem opção para vender seu produto.
Ainda durante a reunião, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira, apresentou o edital de proposta de Incentivos Fiscais/Súmula Vinculante 69/STF que prevê como inconstitucional qualquer isenção, incentivo, redução de alíquota ou de base de cálculo, dispensa de pagamento ou outro benefício fiscal relativo ao ICMS concedido sem prévia aprovação em convênio celebrado no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).
A medida tem o objetivo de tentar assegurar o princípio da igualdade desse benefício fiscal entre os estados. Ao final do encontro os produtores e empresários se reuniram com o governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), para apresentar os temas debatidos na reunião.
(Texto: Rhudy Crysthian – Gerência de Comunicação do Sistema Faeg/Senar – Foto: Jana Tomazelli)