Mesmo com o sinal amarelo aceso para a economia argentina, o governo portenho segue mantendo a taxação sobre a exportação de produtos agrícolas. O imposto polêmico, principalmente, sobre os grãos e carnes comercializados para outros países deixa viva as tensões entre os produtores rurais e o governo federal no país que é um dos principais fornecedores de grãos do mundo.
As alíquotas fiscais impostas aos produtores argentinos foram apresentadas nesta quarta-feira, 25, ao grupo de produtores rurais de Goiás que está em Missão Técnica àquele país para aprender como é a realidade de produção dos argentinos. A comitiva de produtores de grãos e de gado de corte é composta também dirigentes sindicais e técnicos do Sistema Faeg/Senar e Sebrae-GO.
Em um encontro em Buenos Aires entre o grupo e membros da Sociedade Rural Argentina (SRA), uma importante instituição defensora dos direitos dos produtores daquele país, os brasileiros puderam conhecer como é a política portenha de taxar as exportações, o que afeta os mercados globais de commodities. O objetivo, segundo a política de governo, é inibir as exportações, privilegiar o abastecimento doméstico e combater a inflação.
No entanto, de acordo com o representante da SRA, Ernerto Ambrosete, a medida não agradou os proprietários rurais. Tendo que pagar impostos mais altos, os produtores amargam depreciação nos preços e desvalorização de sua produção. Ernesto destaca ainda as constantes formas de protesto dos ruralistas ao ato administrativo. “A media não surtiu o efeito desejado e os gêneros alimentícios não chegam às cidades com preços mais atrativos, gerando desabastecimento e mais inflação”, disse.
Ele conta que toda a população foi atingida por essa medida, chamada de resolução 125, e os famosos panelaços, como o grande protesto de pretensões populares que ocorreu em 2008, ameaçam voltar à tona e ampliar o conflito com o governo. No caso da soja em grãos, Ernesto conta que a alíquota é de 25%, ou seja, mais de um terço do faturamento dos exportadores é retido pelo governo.
Segundo o presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner, esse sistema fiscal serve para reforçar o caixa do Tesouro que, com a taxação, aumentou em 11% a arrecadação do país. “Agora temos uma noção real de cenário político e econômico dos produtores argentinos. Estamos solidários a esses produtores e contra esse tipo de política não trabalha para o desenvolvimento do campo”, posicionou o líder dos produtores goianos.
Ernesto afirma que as retenções sobre exportações se tornara uma importante fonte de receita do Tesouro argentino desde que os preços internacionais das commodities agrícolas começaram sua disparada há mais de quatro anos. Ele acredita que o montante arrecadado serve para financiar a propaganda política de governo da presidente Cristina Kirchner. O encontro entre os produtores goianos e a Sociedade Rural Argentina fez parte da agenda das duas Missões Técnicas de pecuária de corte e de grãos. O objetivo das missões é permitir que os produtores conheçam na prática novas técnicas e tecnologias adotadas para produção agrícola nesses países do Mercosul, políticas de governo e comercialização dos produtos agropecuários dessas regiões. O grupo segue na próxima quinta-feira, 26, para o Uruguai para a segunda fase da viagem.
(Texto e fotos: Rhudy Crysthian – Gerência de Comunicação do Sistema Faeg/Senar)